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O luto

  • Foto do escritor: Glaucia Vanete
    Glaucia Vanete
  • 24 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

Estamos vivendo um momento onde, mais do que nunca, escutamos que alguém querido se foi para nunca mais voltar, isso devido à pandemia que todo o mundo está enfrentando.

Vivenciar o luto não é tarefa fácil, principalmente da forma que tem sido: não podemos ficar ao lado do ente adoecido, pois ele fica incomunicável no leito hospitalar; quando o óbito acontece, o corpo não pode ser velado; no enterro, não existe mais a despedida prolongada como de costume.

Tudo isso, pode levar ao que, nós psicólogos, conhecemos por “luto complicado”. “O luto patológico [complicado] pode ser definido como a ‘intensificação do luto a um nível em que a pessoa se encontra destroçada, originando um comportamento não adaptativo face à perda, permanecendo interminavelmente numa única fase, impedindo a sua progressão com vista à finalização do processo de luto’ (Horowitz, 1980, cit. por Worden, 1983)” (RAMOS, 2016 p. 7). Neste caso, pode haver vários desdobramentos nocivos ao enlutado.

O processo do luto desenvolvido por Bowlby é dividido por quatro fases: “A primeira fase é o choque onde o indivíduo não reconhece a perda. Em seguida entra na fase de protesto em que o indivíduo procura e anseia pela pessoa perdida. A terceira fase é o desespero que ocorre quando o indivíduo se apercebe que a perda é permanente. A quarta e última fase é a aceitação que ocorre quando o indivíduo se adapta à perda e começa a retomar o seu funcionamento normal” (RAMOS, 2016 p. 5).

Acontece também o que Elisabeth Kübler-Ross chama negação: quando dizemos que o fato não pode ser verdade, que isso não está acontecendo; depois a raiva pelo que está acontecendo: “por que isso está acontecendo comigo?; a barganha: quando o ente se encontra no leito fazemos varias promessas, afim de termos boas notícias; a depressão: onde entramos na tristeza profunda, sentimento de grande vazio e, por fim, a aceitação. Na aceitação não significa que não haverá mais saudades, pois ela permanecerá, como também, as lembranças, mas agora a vida vai seguindo, vamos encontrando satisfação nas coisas do cotidiano.

Conhecer as fases do luto é importante para o autoconhecimento, pois a partir do momento que conheço cada uma destas fica mais fácil reconhece-las em mim ou em alguém próximo. Mas apesar da importância de passar por tais fases, não precisamos percorrer, sistematicamente, por cada uma, pois o processo do luto é algo subjetivo, vai variar de pessoa para pessoa. O que precisa ser avaliado é a intensidade do sofrimento em conjunto com o tempo de fixação e os prejuízos nas atividades do dia a dia. Caso esse conjunto seja observado será necessário procurar ajuda.

Dificilmente, o enlutado toma essa atitude, por estar tão embotado afetivamente, acaba se isolando cada vez mais, toda energia psíquica e corpórea está voltada para sua dor. Por isso, a importância de ficarmos atentos àqueles que estão passando pela dor da perda e, caso percebamos um estado depressivo intenso e prolongado, acionarmos apoio psicológico para facilitar o processo da elaboração do luto. O trabalho do psicólogo frente ao luto é de acolhimento da dor, possibilitando ressignificações, para que assim o sujeito encontre novas possibilidades de vida frente a morte.

GLAUCIA VANETE, Psicóloga, CRP: 02/22769

 
 
 

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